Publicado em 27/01/2025 por António Cunha
"Quanto mais se souber, mais se poderá controlar os acontecimentos."
– Francis Bacon, político, filósofo e cientista.
Desde os primórdios, o conhecimento tem sido a ferramenta mais poderosa para a humanidade compreender, interpretar e transformar o mundo. No entanto, o que entendemos hoje como ciência – baseada na observação rigorosa e na experimentação – percorreu uma longa trajetória desde os tempos em que os mitos dominavam as explicações sobre a natureza.
A Transmissão do Saber: Da Oralidade à Escrita
No início, o conhecimento era transmitido oralmente, de pais para filhos, ou registrado em formas rudimentares como pinturas rupestres. A invenção da escrita foi um divisor de águas, permitindo o armazenamento de informações com precisão e a sua transmissão por gerações, longe das distorções causadas pela interpretação individual. Combinada ao advento da agricultura, a escrita proporcionou a criação de sociedades mais complexas, onde a sobrevivência deixou de ser o único objetivo e abriu espaço para o florescimento de outras áreas do conhecimento.
No entanto, nas primeiras civilizações, a explicação de fenômenos naturais era frequentemente mediada por narrativas míticas, carregadas de simbolismo. A chuva, as estações do ano, a saúde e a doença eram atribuídas à vontade dos deuses. Sacerdotes, curandeiros e feiticeiras, por supostamente possuírem acesso a esse conhecimento divino, ocupavam posições de prestígio – e medo – nas suas comunidades.
Filosofia e a Busca pelos "Porquês"
Com o surgimento da filosofia, especialmente na Grécia, Índia e China, o ser humano começou a questionar de forma racional o mundo ao seu redor. Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles exploraram a essência da realidade e da existência, embora suas abordagens fossem mais teóricas do que experimentais. Na mesma época, sociedades antigas começavam a coletar informações de maneira mais sistemática, estabelecendo as bases do que hoje entendemos como ciência.
Apesar disso, muitas das explicações teóricas dessa era estavam longe de serem científicas no sentido moderno. As práticas médicas, por exemplo, eram frequentemente baseadas em tradições ou crenças culturais. Avicena, célebre médico persa, recomendava métodos que hoje soam exóticos, como queimar uma mistura de gordura de cabra, meimendro e cebola para tratar cáries. Plínio, o Velho, sugeria algo ainda mais peculiar: capturar um sapo à meia-noite, cuspir em sua boca e recitar palavras "curativas".
Os Pioneiros da Ciência Experimental
O verdadeiro salto para a ciência moderna ocorreu no início do século XVII, quando a observação e a experimentação sistemática começaram a ganhar força como bases do conhecimento. Um dos marcos foi a postura de Galileu Galilei diante dos fenômenos naturais. Para ele, os fatos observados eram mais importantes do que as teorias pré-estabelecidas, e as ideias deveriam se ajustar aos dados, e não o contrário.
Um exemplo emblemático foi o experimento de Galileu na Torre de Pisa. Questionando o axioma de Aristóteles de que objetos mais pesados caem mais rapidamente, Galileu largou duas bolas de pesos diferentes do topo da torre, provando publicamente que ambas atingiam o solo ao mesmo tempo. Com esse ato, ele desafiou séculos de crenças baseadas em autoridade e abriu caminho para a ciência como a conhecemos hoje.
A Ciência e as Suas Implicações na Sociedade
A partir de Galileu, a ciência passou a perguntar menos “o que é?” e mais “como é?”. Essa mudança de paradigma transformou não apenas a maneira como vemos o mundo, mas também a relação entre ciência, tecnologia e sociedade.
Hoje, entendemos que o impacto da ciência vai muito além de suas aplicações práticas imediatas. Questões como os efeitos da tecnologia na qualidade de vida, o acesso equitativo aos seus benefícios e a influência do progresso científico na redução ou ampliação das desigualdades sociais são temas centrais no debate contemporâneo. A ciência, além de ferramenta de conhecimento, é também um motor de transformação econômica, com a inovação e o crescimento econômico formando um ciclo virtuoso.
O Conhecimento como Pilar do Futuro
No mundo moderno, o conhecimento é mais do que um bem intelectual; ele é um recurso estratégico. Numa economia cada vez mais baseada em dados e inovação, a capacidade de gerar, organizar e aplicar informações tornou-se um fator determinante para o desenvolvimento de nações e indivíduos.
Assim como Galileu mostrou que a observação pode transformar paradigmas, cabe a nós, no presente, usar o conhecimento para moldar um futuro mais justo e esclarecido. Afinal, como Francis Bacon já dizia, "ter conhecimento é ter poder."
António Cunha
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