Para ler antes da leitura do artigo
Falar sobre religião é, por natureza, delicado. As crenças religiosas estão entre os pilares mais profundos da identidade humana — e por isso, este tema pode gerar polémica, discordância e até mal-entendidos. Mas é precisamente por isso que ele deve ser abordado com seriedade, respeito e rigor.
Esta série de artigos foi construída com base em fontes académicas e históricas reconhecidas, procurando evitar ao máximo opiniões pessoais. Ainda assim, reconhecemos que interpretações podem variar, e eventuais incorreções podem surgir. Por isso, convidamos o leitor a participar: se identificar algo que mereça correção, por favor indique claramente onde, quando e porquê.
Mais do que uma análise teológica, esta reportagem pretende ser um exercício de formação de cultura geral. É dirigida ao público em geral, com linguagem que pretendemos seja acessível, e tem como objetivo estimular a reflexão crítica sobre o papel das religiões — enquanto fenómenos filosóficos, sociais e espirituais — na evolução da humanidade.
Num mundo cada vez mais plural, é essencial aprendermos a respeitar as diferenças religiosas e culturais. Não precisamos concordar com tudo, mas precisamos compreender. E compreender é o primeiro passo para conviver em paz.

O cristianismo é hoje a maior religião do mundo, com mais de dois mil anos de história e cerca de 2,4 mil milhões de seguidores. Mas o seu surgimento foi marcado por tensões religiosas, transformações culturais e profundas rupturas teológicas. No centro da tradição cristã está a Bíblia, um conjunto de textos que inclui a Torá judaica e novos escritos que narram a vida, os ensinamentos e a ressurreição de Jesus de Nazaré. Este texto tenta trazer as origens históricas e culturais do cristianismo, os textos que compõem a Bíblia, os povos e personagens envolvidos em sua criação e evolução, e as principais versões que moldaram a o seu entendimento.
1. O Contexto Histórico
O cristianismo surgiu no século I d.C., na região da Judeia, então sob domínio do Império Romano. A sociedade judaica vivia sob forte tensão política e religiosa, dividida entre grupos como os fariseus, saduceus, zelotas e essênios, todos esperando a vinda de um Messias que libertasse Israel.
Foi nesse contexto que Jesus de Nazaré começou a pregar uma mensagem de amor, perdão, justiça e salvação, reinterpretando a lei judaica e anunciando o Reino de Deus. Após a sua crucificação, os seus seguidores passaram a anunciar que ele havia ressuscitado, tornando-se o Cristo (Messias), e iniciaram um movimento que rapidamente se expandiu pelo mundo greco-romano.
2. A Bíblia Cristã: Uma Biblioteca de Textos
A Bíblia cristã é composta por dois grandes blocos:
a) Antigo Testamento
- Herança direta do Tanakh judaico.
- Inclui a Torá (Pentateuco), os Profetas e os Escritos (Salmos, Provérbios, etc.).
- Algumas versões cristãs incluem os Deuterocanônicos (Tobias, Judite, Sabedoria, etc.), ausentes no cânone judaico.
b) Novo Testamento
- Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João — narram a vida e os ensinamentos de Jesus.
- Atos dos Apóstolos: história da expansão do cristianismo primitivo.
- Epístolas: cartas de Paulo e outros apóstolos às comunidades cristãs.
- Apocalipse: visão profética sobre o fim dos tempos e a vitória final de Cristo.
3. Povos e Culturas Envolvidos na Formação do Cristianismo
- Judeus da Palestina: origem étnica e religiosa de Jesus e dos primeiros discípulos.
- Romanos: contexto político e cultural que influenciou a expansão e perseguição dos cristãos.
- Gregos: língua e filosofia que moldaram a teologia cristã, especialmente através de Paulo.
- Sírios, Egípcios e Bizantinos: preservaram e traduziram os textos cristãos, influenciando a liturgia e a doutrina.
4. Personagens-Chave na Criação e Compilação da Bíblia Cristã
- Jesus de Nazaré: figura central, considerado o Filho de Deus e Salvador.
- Paulo de Tarso: teólogo e missionário, autor de grande parte do Novo Testamento.
- Pedro, João, Tiago: apóstolos que lideraram as primeiras comunidades cristãs.
- Constantino: imperador romano que legalizou o cristianismo no Império e promoveu a sua institucionalização.
- Jerónimo: tradutor da Bíblia para o latim (Vulgata), consolidando o texto cristão medieval.

5. Versões e Traduções da Bíblia
A Bíblia passou por diversas versões que moldaram a sua compreensão:
- Septuaginta: tradução grega do Antigo Testamento, usada pelos primeiros cristãos.
- Vulgata Latina: tradução de São Jerónimo (século IV), oficializada pela Igreja Católica.
- Bíblia de Lutero: tradução para o alemão (século XVI), marco da Reforma Protestante.
- King James Version: versão inglesa (1611), influente na cultura anglófona.
- Bíblia Almeida: primeira tradução completa para o português (século XVII).
- Versões modernas: como a Nova Versão Internacional (NVI), com linguagem acessível.
6. A Evolução Teológica e Cultural do Cristianismo
O cristianismo passou por diversas fases:
- Cristianismo primitivo: comunidades perseguidas, com forte expectativa escatológica.
- Cristianismo imperial: após Constantino, tornou-se religião oficial do Império Romano.
- Idade Média: consolidação da Igreja, cruzadas, inquisição, escolástica.
- Reforma Protestante: ruptura com Roma, valorização da Bíblia e da fé pessoal.
- Cristianismo moderno: pluralismo teológico, diálogo inter-religioso, movimentos sociais.
O Cristianismo como Força Transformadora
O cristianismo é uma tradição que nasceu da esperança de um povo oprimido, cresceu como movimento espiritual e ético, e tornou-se uma força global que influenciou profundamente a história, a cultura e a política mundial. A Bíblia, como testemunho dessa jornada, é mais do que um livro — é uma biblioteca viva, que continua a inspirar, desafiar e transformar.
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