

Antes de mais, Um Convite ao Respeito e à Reflexão
Falar sobre religião é, por natureza, delicado. As crenças religiosas estão entre os pilares mais profundos da identidade humana — e por isso, este tema pode gerar polémica, discordância e até mal-entendidos. Mas é precisamente por isso que ele deve ser abordado com seriedade, respeito e rigor.
Esta série de artigos foi construída com base em fontes académicas e históricas reconhecidas, procurando evitar ao máximo opiniões pessoais. Ainda assim, reconhecemos que interpretações podem variar, e eventuais incorreções podem surgir. Por isso, convidamos o leitor a participar: se identificar algo que mereça correção, por favor indique claramente onde, quando e porquê.
Mais do que uma análise teológica, esta reportagem pretende ser um exercício de formação de cultura geral. É dirigida ao público em geral, com linguagem que pretendemos seja acessível, e tem como objetivo estimular a reflexão crítica sobre o papel das religiões — enquanto fenómenos filosóficos, sociais e espirituais — na evolução da humanidade.
Num mundo cada vez mais plural, é essencial aprendermos a respeitar as diferenças religiosas e culturais. Não precisamos concordar com tudo, mas precisamos compreender. E compreender é o primeiro passo para conviver em paz.
As cinco maiores religiões do mundo — Hinduísmo, Judaísmo, Budismo, Cristianismo e Islamismo — representam diferentes formas de compreender o universo, o divino e o papel do ser humano. Apesar das suas diferenças teológicas e culturais, todas emergem de contextos históricos profundos e influenciaram decisivamente a formação das sociedades. Esta reportagem investiga as suas origens comuns, semelhanças e diferenças, impactos históricos, divisões internas, e os desafios contemporâneos que enfrentam.
1. Origens Históricas e Culturais
- Hinduísmo: Surgiu por volta de 2000 a.C. na Índia, a partir da fusão entre culturas dravidianas e arianas. É considerado mais uma tradição espiritual do que uma religião institucionalizada.
- Judaísmo: Desenvolveu-se em Canaã, por volta de 2000 a.C., com Abraão como patriarca. É a mais antiga das religiões monoteístas.
- Budismo: Fundado por Siddhartha Gautama (Buda) no século VI a.C., na Índia, como resposta às práticas ritualísticas do hinduísmo.
- Cristianismo: Originado no século I d.C., na Palestina, a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo, considerado o Messias pelos cristãos.
- Islamismo: Fundado no século VII d.C. por Maomé, na Península Arábica, com base nas revelações do Alcorão.
Apesar das diferenças, todas surgiram como respostas filosóficas e espirituais às crises sociais, políticas e existenciais de seus tempos.
2. Semelhanças e Diferenças Teológicas e Sociológicas
Semelhanças:
- Busca por sentido, transcendência e ética.
- Presença de textos sagrados e práticas rituais.
- Comunidades organizadas em torno da fé.
Diferenças:
- Monoteísmo (Judaísmo, Cristianismo, Islamismo) vs. Politeísmo e não-teísmo (Hinduísmo, Budismo).
- Salvação pela fé (Cristianismo) vs. Libertação pelo conhecimento e prática (Budismo, Hinduísmo).
- Profetas e revelações (Abraão, Moisés, Jesus, Maomé) vs. mestres iluminados (Buda, gurus hindus).
Sociologicamente, o Cristianismo e o Islamismo tornaram-se religiões globais, enquanto o Hinduísmo e o Budismo mantêm forte ligação com o subcontinente indiano e o Oriente.
3. Novidades Introduzidas pelas Versões Significativas
- Cristianismo: Doutrina da Trindade, salvação pela graça, universalismo.
- Islamismo: Unicidade absoluta de Deus (tawhid), código jurídico (sharia), comunidade global (ummah).
- Budismo: Caminho do meio, meditação como prática central, rejeição do criador pessoal.
- Hinduísmo: Reencarnação, karma, moksha, pluralidade de divindades.
- Judaísmo: Aliança com Deus, lei mosaica, preservação da identidade étnico-religiosa.
4. Impacto na História e Formação das Sociedades
- Cristianismo: Fundou universidades, hospitais, influenciou a arte e a política europeia.
- Islamismo: Desenvolveu ciência, medicina, arquitetura e jurisprudência no mundo árabe.
- Budismo: Inspirou movimentos pacifistas, práticas meditativas e filosofia oriental.
- Hinduísmo: Moldou a cultura indiana, sistema de castas, literatura e espiritualidade.
- Judaísmo: Preservou identidade em diáspora, influenciou profundamente o pensamento ocidental.
5. Principais Divisões Religiosas e Culturas Influentes
- Cristianismo: Catolicismo, Ortodoxia, Protestantismo — Europa, Américas, África.
- Islamismo: Sunitas, Xiitas — Oriente Médio, Ásia, Norte da África.
- Judaísmo: Ortodoxo, Conservador, Reformista — Israel, EUA, Europa.
- Budismo: Theravada, Mahayana, Vajrayana — Sudeste Asiático, Tibete, Japão.
- Hinduísmo: Shaivismo, Vaishnavismo, Shaktismo — Índia, Nepal, Bali.
6. Manipulação e Interpretação dos Textos ao Longo do Tempo
- Cristianismo: Justificou cruzadas, inquisição, colonialismo.
- Islamismo: Uso político da jihad, regimes teocráticos.
- Judaísmo: Exclusivismo étnico, conflitos territoriais.
- Budismo: Instrumentalização por regimes autoritários.
- Hinduísmo: Justificação do sistema de castas e patriarcado.
A leitura literal ou dogmática dos textos sagrados frequentemente levou à intolerância, violência e exclusão, em contraste com os princípios originais de compaixão, justiça e sabedoria.
7. Partes Controversas Não Aceites pela Sociedade Contemporânea
- Cristianismo: Condenação da homossexualidade, submissão feminina.
- Islamismo: Punições físicas, poligamia, desigualdade de gênero.
- Judaísmo: Leis dietéticas rígidas, exclusão de não judeus em certos rituais.
- Budismo: Hierarquia monástica masculina, passividade diante da injustiça.
- Hinduísmo: Sistema de castas, discriminação de Dalits, práticas patriarcais.
Esses elementos são frequentemente reinterpretados ou rejeitados por correntes progressistas dentro das próprias religiões.
Conclusão: Religiões como Espelhos da Humanidade
As cinco grandes religiões são expressões da busca humana por sentido, ordem e transcendência. Elas moldaram culturas, inspiraram obras sublimes e também foram usadas para justificar atrocidades. Compreender suas origens, semelhanças e diferenças é essencial para promover o diálogo inter-religioso, a tolerância e uma espiritualidade consciente.
A Fé em Números: O Alcance Global das Grandes Religiões e as Suas Divisões
A religião molda culturas, influencia políticas, orienta valores e estrutura sociedades. No século XXI, mesmo diante do avanço da ciência e do secularismo, milhões de pessoas continuam a identificar-se com tradições religiosas milenares. Este texto procura, com base em dados demográficos e fontes académicas, saber quantas pessoas são direta ou indiretamente influenciadas pelas cinco maiores religiões do mundo — Hinduísmo, Judaísmo, Budismo, Cristianismo e Islamismo — e analisa as suas principais divisões internas e zonas de influência.
1. Cristianismo: A Fé Global
- Número de adeptos: 2,4 mil milhões (2,4 biliões) de seguidores (31% da população mundial).
- Zonas de influência: Europa, Américas, África Subsaariana, Filipinas, partes da Oceania.
- Divisões principais:
- Catolicismo: +-1,3 mil milhões (1,3 bilhão) de fiéis. Liderado pelo Papa, com forte presença na América Latina, Europa e África.
- Protestantismo: +-900 milhões. Diversificado em luteranos, batistas, metodistas, pentecostais, entre outros.
- Ortodoxia: +-300 milhões. Predominante no Leste Europeu, Rússia, Grécia e partes do Oriente Médio.
2. Islamismo: A Ummah em Expansão
- Número de adeptos: +- 1,9 mil milhões (1,9 bilhão) de pessoas (24% da população mundial).
- Zonas de influência: Oriente Médio, Norte da África, Ásia Central, Sudeste Asiático.
- Divisões principais:
- Sunitas: +- 1,5 mil milhões (1,5 bilhão) (cerca de 85% dos muçulmanos). Maioria em países como Arábia Saudita, Egito, Turquia e Indonésia.
- Xiitas: +-170 milhões. Predominantes no Irã, Iraque, Bahrein e partes do Líbano e Iémen.
- Sufismo: Corrente mística presente em várias regiões, com ênfase na experiência espiritual direta.
3. Hinduísmo: A Tradição Viva da Índia
- Número de adeptos: +- 1,2 mil milhões (1,2 bilhão) de pessoas (15% da população mundial).
- Zonas de influência: Índia, Nepal, Bali (Indonésia), Maurício, Fiji.
- Divisões principais:
- Vaishnavismo: Culto a Vishnu e seus avatares (Krishna, Rama).
- Shaivismo: Devoção a Shiva como divindade suprema.
- Shaktismo: Culto à deusa Shakti (energia divina feminina).
- Smartismo: Tradição filosófica que aceita múltiplas divindades como manifestações do mesmo absoluto (Brahman).
4. Budismo: O Caminho do Meio
- Número de adeptos: Cerca de 520 milhões de pessoas (7% da população mundial).
- Zonas de influência: China, Japão, Tailândia, Sri Lanka, Mianmar, Tibete, Coreia.
- Divisões principais:
- Theravada: “Doutrina dos Anciãos”, predominante no Sudeste Asiático.
- Mahayana: “Grande Veículo”, presente na China, Japão, Coreia e Vietname.
- Vajrayana: “Veículo do Diamante”, praticado no Tibete, Butão e Mongólia.
5. Judaísmo: A Tradição da Aliança
- Número de adeptos: Cerca de 14,6 milhões de pessoas (0,2% da população mundial).
- Zonas de influência: Israel, Estados Unidos, Europa, América Latina.
- Divisões principais:
- Ortodoxo: Observância rigorosa da Torá e da Halachá (lei judaica).
- Conservador: Interpretação mais flexível da tradição.
- Reformista: Ênfase na ética e adaptação à modernidade.
- Reconstrucionista e Humanista: Correntes contemporâneas com foco cultural e filosófico.
Reflexão Final: A Influência Direta e Indireta das Religiões
Embora nem todos os indivíduos se identifiquem como praticantes ativos, o impacto das religiões vai além da fé pessoal. Elas moldam:
- Leis e sistemas jurídicos (como a Sharia no Islão ou a influência do cristianismo no direito ocidental).
- Educação e moralidade (como os valores budistas de compaixão ou o dharma hindu).
- Cultura e arte (da arquitetura islâmica à música sacra cristã).
- Identidade coletiva (como o judaísmo na diáspora ou o hinduísmo na sociedade indiana).
Ao todo, mais de 6 mil milhões (6 bilhões) de pessoas no mundo são direta ou indiretamente influenciadas por essas cinco tradições religiosas. Elas continuam a ser forças vivas, capazes de unir e dividir, de inspirar e desafiar, de preservar e transformar.
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